- Ronaldo Rocha
Governador é alvo de um pedido de apuração de vazamento de informações da Lava Jato no STF

As
prisões do procurador da República Ângelo Goulart Villela, que atua
como auxiliar do vice-procurador-geral Eleitoral, Nicolao Dino, no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do advogado Willer Tomaz, reforçam a
tese de que o governador Flávio Dino (PCdoB) pode ter sido beneficiado
com o vazamento de informações privilegiadas, no bojo da Operação Lava
Jato, sobre o pedido de abertura de inquérito que tramitou contra ele no
Supremo Tribunal Federal (STF) e que foi remetido ao Superior Tribunal
de Justiça (STJ).
É o que afirma o deputado federal Hildo Rocha
(PMDB), um dos autores de uma representação protocolada no STF e
direcionada ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que pede a
abertura de investigação do suposto vazamento ao governador do Maranhão,
da delação do ex-funcionário da Odebrecht, José de Carvalho Filho.
Para Hildo, os fatos evidenciam a relação de Dino com os presos pela Polícia Federal (PF).
A
prisão do procurador foi efetuada na manhã de ontem em Brasília. Ele
havia sido denunciado por três delatores por repassar informações
sigilosas da Procuradoria-Geral da República (PGR) em troca de dinheiro.
O procurador atuava como auxiliar direto de Nicolao Dino, irmão do
governador Flávio Dino.
De acordo com um dos proprietários da JBS,
Joesley Batista, o procurador gabava-se de ter acesso privilegiado aos
dados da Lava Jato.
As investigações também mostraram que Ângelo Villela havia sido cooptado pelo advogado Willer Tomaz, preso pela PF em São Luís.
O advogado, possui relação de proximidade com o grupo político do governador Flávio Dino no Maranhão.
Já
atuou em defesa do deputado federal Weverton Rocha (PDT), no processo
nº 3-79.2014.6.10.0000 que tramitou na Justiça Eleitoral do Maranhão, em
2014, e foi um dos interlocutores do parlamentar na negociação de
compra da TV Difusora.
A informação obtida por O Estado é de que
ele atuaria, nos próximos meses, como gestor da empresa e seria
anunciado ontem aos funcionários da emissora.
Indícios – Foi
o que levou o deputado Hildo Rocha a acreditar que há fortes indícios
de que o governador Flávio Dino teria sido beneficiado por vazamento de
informações privilegiadas da Lava Jato.
“Vai ficando cada vez mais
claro com a prisão do advogado de Flávio Dino e um auxiliar do seu
irmão, que é procurador da República, que ele foi, com fortíssima
evidência, beneficiado com o vazamento de informações, o que se
configura crime. O auxiliar do seu irmão e o seu advogado foram presos
por terem passado informações da Operação Lava Jato para os
proprietários da JBS”, disse.
Apesar de Rocha citar Tomaz como
advogado de Dino, O Estado não obteve essa confirmação. O secretário de
Estado da Comunicação e Assuntos Políticos, Marcio Jerry (PCdoB), por
exemplo, nega.
Hildo Rocha afirmou que aguardará o desenrolar das
investigações. “O pedido de certidão feito pelo governador Flávio Dino
junto a CCJ da Câmara antes da divulgação da delação dos dirigentes da
Construtora Odebrecht já era um indicativo forte de que o Flávio Dino
estaria sendo beneficiado com informações privilegiadas, ao arrepio da
lei”, completou.
Outro lado
Governo nega envolvimento com advogado
A
O Estado o secretário de Estado da Comunicação e Articulação Política,
Marcio Jerry (PCdoB), negou que o advogado Willer Tomaz já tenha atuado
em defesa do governador Flávio Dino (PCdoB) na esfera judicial. “Willer
Tomaz jamais foi advogado do governador Flávio Dino. Nunca foi
constituído para advogar para Flávio Dino”, disse.
Sobre o suposto
favorecimento a Dino com “vazamento” de informações da Lava Jato, como
sugere Hildo Rocha, o PCdoB rechaçou a denúncia, por meio de nota, no
mês passado. O partido também descartou qualquer articulação do
comunista com a Odebrecht.
Suposto vazamento a Flávio Dino motivou representação no STF
No
fim do mês de abril os deputados Hildo Rocha (PMDB), Adriano Sarney
(PV), Edilázio Júnior (PV), Sousa Neto (PROS) e Andrea Murad (PMDB),
assinaram representação no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir
apuração, do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
O
comunista foi delatado como beneficiado, em 2010, de uma propina no
valor de R$ 200 mil, paga pela Odebrecht. O dinheiro teria sido pago em
troca do apoio de Dino, então deputado federal, ao Projeto de Lei nº
2.279/2007, de interesse da empreiteira.
O conteúdo do depoimento
estava em sigilo. No dia 13 de março partiu da Procuradoria-Geral da
República (PGR) o pedido de investigação do caso e o levantamento do
sigilo. No dia 4 de abril o ministro autorizou a remessa dos autos ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ) – que é o foro competente para julgar
governador – e quebra o sigilo das investigações.
Essas duas
informações só chegaram ao público em geral no dia 11 de abril. Mas, tão
logo teve seu nome confirmado na nova lista da Lava Jato, Flávio Dino
lançou mão de uma certidão da Câmara dos Deputados informando que ele
não deu qualquer parecer no Projeto de Lei nº 2.279/2007. O documento
foi emitido no dia 17 de março, quase um mês antes de a publicização das
decisões.
Daí, a suspeita de vazamento.
STJ analisará pedido de abertura de inquérito contra o comunista
A
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve decidir nos
próximos dias, sobre o pedido de abertura de inquérito formulado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador Flávio Dino
(PCdoB).
O pedido, assinado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot,
toma por base a delação do ex-funcionário da Odebrecht, José de Carvalho
Filho.
O delator afirmou ter pago a Dino R$ 200 mil em propina
para aplicação na eleição de 2010. Outros R$ 200 mil teriam sido doados,
de forma oficial pela empreiteira, para a eleição 2014.
De acordo
com o delator, toda a movimentação financeira que favoreceu Dino foi
registrada no sistema de informática da Odebrecht, Drousys, que era
mantido num servidor da Suíça. O comunista, segundo o delator, recebeu o
nome de “Cuba”, no sistema, e a senha “Charuto”, para receber o
dinheiro.
A referência à Cuba e a Charuto estão nas planilhas de
propina da Odebrecht, já entregues ao Ministério Público Federal e à
Justiça.
Na última quarta-feira ministros do STJ admitiram ao
jornal Folha de S. Paulo a possibilidade de determinar a suspensão dos
mandatos de todos os governadores que forem investigados na Lava Jato.
Há também a possibilidade de prisão temporária.
Além de Dino, são
alvos da PGR os governadores Beto Richa (PSDB-PR), Luiz Fernando Pezão
(PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Marcelo
Miranda (PMDB-TO), Raimundo Colombo (PSD-SC), Marconi Perillo (PSDB-GO)
e Paulo Hartung (PMDB-ES).
O comunista nega ter negociado propina com a Odebrecht e afirma que provará a sua inocência.
Dino
também tem apresentado uma certidão da Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara Federal, que atesta que ele não deu
parecer no projeto de lei citado pelo delator. Os dados serão todos
analisados pelos ministros do STJ.
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