O
presidente interino da Câmara Waldir Maranhão (PP-MA) durante coletiva
sobre sua decisão de suspender a tramitação do impeachment contra Dilma
Rousseff na Câmara, em Brasília (DF).
Sem o apoio de seu próprio partido, o PP,
da maior parte das demais legendas e dos próprios colegas da Mesa
Diretora, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, negociava
nesta terça-feira (10) os termos de sua saída do comando da Casa.
Tendo assumido a função na quinta-feira
(5) após o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pelo Supremo Tribunal
Federal, Maranhão cai devido à grande reação política à sua tentativa
de, em acordo com o Planalto, revogar a votação que autorizou a abertura
do impeachment de Dilma Rousseff. Ele voltou atrás menos de 24 horas
depois.
O deputado passou o dia negociando com o
PP os termos de sua saída: o partido prometeu não expulsá-lo por ter
votado contra o impeachment, e trabalhar para a manutenção do seu
mandato, mas Maranhão pedia mais.
Entre outras coisas, queria não renunciar, mas apenas se licenciar do mandato de deputado para assumir uma secretaria estadual no governo do aliado Flávio Dino (PC do B-MA), voltando meses depois ao cargo de vice-presidente da Câmara.
O PP não aceitava essa condição porque,
diferentemente da renúncia, a licença não leva a novas eleições para o
comando da Câmara. A função iria para o segundo-vice-presidente, Giacobo
(PR-PR).
O PP quer emplacar outro deputado do partido, possivelmente Esperidião Amin (SC), que tem o aval do grupo de Eduardo Cunha.
Apesar da negociação, Maranhão também articulava para tentar ficar no cargo.
Os exemplos mais evidentes da falta de
apoio de Maranhão começaram logo no início do dia. Em reunião com ele, 8
dos seus 9 colegas da Mesa pediram a sua renúncia. O apoio a ele se
resumiu à deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), terceira suplente.
Pouco antes dessa reunião, o PP decidiu
levar a ele a proposta de renúncia em troca da não expulsão e da não
cassação. “Ele não tem nenhuma condição de comandar nenhuma reunião na
Casa, no plenário nem no colégio de líderes”, disse o correligionário
Júlio Lopes (PP-RJ).
O terceiro indicativo se deu na reunião
de PMDB, partidos do “centrão” (PP, PR, PTB, PSD, PRB) e siglas de
oposição. A deliberação foi afastar Maranhão da função.
Ao seu lado, ficaram apenas PT e PC do B, que reúnem 68 cadeiras.
Na hipótese de novas eleições, são
cotados Jovair Arantes (PTB-GO), aliado de Cunha, Osmar Serraglio
(PMDB-PR), Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Rogério Rosso (PSD-DF), além de
Amin.
(RANIER BRAGON, RUBENS VALENTE, DÉBORA ÁLVARES E AGUIRRE TALENTO, Folha de SP)
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